Chefe do Executivo Municipal
admitiu 31 servidores públicos aprovados em três seleções fraudulentas.
O Ministério Público do
Estado do Rio Grande do Norte (MPRN), por meio de seu procurador-geral de
justiça (PGJ) em exercício, Jovino Pereira da Costa Sobrinho, ofereceu denúncia
contra a prefeita do Município de Ouro Branco, Maria de Fátima Araújo da Silva
(PT), ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RN). Baseado em fatos apurados no
procedimento investigatório criminal nº 042/2015-PGJ, tendo por base os
elementos colhidos no inquérito civil nº 06.2015.00001222-1, da Promotoria de
Justiça da Comarca de Jardim do Seridó, o MPRN alega que a denunciada cometeu
crime de responsabilidade.
A investigação realizada
pelo MPRN apontou que Maria de Fátima Araújo da Silva admitiu, por meio de três
processos seletivos simplificados fraudulentos, 31 servidores públicos, contrariando
expressamente dispositivos da Constituição Federal e da Legislação Municipal nº
814/14 – o ato incorre na prática do
crime capitulado no art. 1º, inciso XIII,
do Decreto-Lei nº 201/1967, em concurso de crimes. Assim, foram desrespeitados
os princípios da legalidade, da impessoalidade, da publicidade, da eficiência,
da moralidade e da igualdade e a obrigatoriedade de realização de concurso
público, previstos na Constituição.
Na qualidade de prefeita a
denunciada autorizou a realização dos processos seletivos viciados – sua
assinatura consta dos respectivos editais, das relações de candidatos aptos a
participarem das entrevistas, dos resultados finais das seleções e das
convocações dos aprovados. Foi, ainda, quem efetuou as diversas contratações temporárias
ilegais, fazendo uso do apadrinhamento para contratar pessoas a seu bel prazer.
As três seleções foram
realizadas este ano e, para isso, a prefeita contou com o auxílio dos
integrantes da Comissão Municipal de Processo Seletivo, composta por servidores
do próprio Município de Ouro Branco: Meirielle de Souza Santos Lucena
(Secretária Municipal de Educação), Ednilda da Silva Oliveira (Presidente do
Instituto de Previdência do Município de Ouro Branco), Flávio Medeiros de
Azevedo (Psicólogo) e Ilaionaria Marcia Pereira de Araújo (prestadora de
serviços junto à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Ouro Branco).
Todos eles, incluindo Francisco Segundo de Sousa (Secretário Municipal de
Administração e Planejamento) foram alvos de ação civil pública interposta
pela Promotoria de Justiça da Comarca de Jardim do Seridó (que atende ao
Município de Ouro Branco) que pede a responsabilização pelo cometimento de atos
de improbidade administrativa.
Para consulta no site do TJ
o número do processo que corre em 2º Grau é 2015.006266-6.
De posse de parte da
documentação relacionada aos certames, o MPRN verificou a existência de
diversas irregularidades, tais como: exíguos prazos previstos nos editais para
inscrição e interposição de recursos; exigência para todos os cargos de
realização de entrevistas, sem, contudo, indicar critérios objetivos para a
classificação dos candidatos (abrindo margem para adoção de opções subjetivas).
Além disso, o MP observou
também que analisando os currículos dos candidatos que participaram dos
certames, diversos candidatos que possuíam experiências mais significativas
foram preteridos em favor de outros candidatos que, muitas vezes, já tinham
sido contratados temporariamente pelo Município de Ouro Branco em ocasiões
anteriores, de maneira irregular.
Para o MPRN, os processos
seletivos tiveram o intuito de burlar a obrigação constitucional de realizar
concurso público para beneficiar, em quase sua totalidade, pessoas que já
possuíam algum tipo de vínculo com a municipalidade e/ou aliados (apadrinhados)
da atual gestão. Destaque-se ainda que a maior parte desses vínculos são
irregulares.
Comentários
Postar um comentário