Em
tempo de crise econômica, com programas sociais como o Bolsa Família sob ameaça
de cortes, o Pros (Partido Republicano da Ordem Social) usou R$ 2,4 milhões de
dinheiro público para adquirir um helicóptero.
A
aeronave, um Robinson R66 Turbine, prefixo PP-CHF, foi comprada à vista
recentemente com recursos do Fundo Partidário e se juntará ao bimotor adquirido
em 2014 por R$ 400 mil (também com dinheiro do fundo) para uso de dirigentes da
sigla, a 15ª em tamanho no Congresso.
A
compra é incomum entre os
partidos brasileiros: os três principais (PMDB, PT e
PSDB) não têm aeronaves. "Isso é um absurdo. Como pode usar dinheiro
público para comprar helicóptero só para vir de Planaltina de Goiás para Brasília",
queixou-se o líder da bancada do Pros na Câmara, Domingos Neto (CE), que é
rompido com a direção da legenda.
O
trajeto a que ele se refere é feito frequentemente pelo presidente nacional da
sigla, o ex-vereador de Planaltina de Goiás (60 km de Brasília) Eurípedes
Júnior, 40, que criou o Pros em 2013.
O
Fundo Partidário é a principal fonte de recursos dos partidos. Apesar do rombo
nas contas públicas, o Congresso quer triplicar o valor do fundo em 2016 de R$
311 milhões para R$ 911 milhões.
A
ideia é defendida pelo relator do Orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR), o
mesmo que propôs corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família.
Até
outubro deste ano, o Pros recebeu R$ 15,7 milhões do fundo, segundo dados do
Tribunal Superior Eleitoral. O Pros tem 12 deputados federais, boa parte em
conflito com a direção da sigla, e um governador, José Melo (AM). Em 2013,
atraiu os irmãos Cid e Ciro Gomes, no Ceará, que hoje estão no PDT.
As
regras do fundo partidário não autorizam nem proíbem expressamente a compra de
aeronaves. Ministros do TSE que foram ouvidos, afirmaram considerar o uso
abusivo, a priori, mas que a compra pode vir a ser aprovada caso comprovado uso
exclusivo para atividades partidárias.
Em
resposta enviada a questionamentos, o Pros afirmou que sua Executiva decidiu
adquirir o helicóptero para fortalecer a presença do partido no país.
A
sigla diz ainda que não considera ter realizado um gasto, mas obtido um
patrimônio. "Gasto é um valor que
vai e não volta, a aeronave é um patrimônio", afirmou a legenda, em
resposta à pergunta sobre se considerava conveniente tal aquisição no momento
de crise pelo qual passa a economia do país.
O
partido afirmou estar em processo de fortalecimento de sua presença pelo
Brasil. "Hoje já chegamos a
aproximadamente 3.500 municípios, um trabalho bem produtivo comparado à
presença partidária de outras agremiações com muito mais tempo de existência",
afirma o Pros.
Segundo
a sigla, o objetivo é chegar a mais de 5.000 cidades. "Como grande parte desses municípios não
possui aeroporto, o helicóptero otimizará a locomoção."
Em
sua resposta, o partido nega ainda que, de acordo com deputados contrários à
direção nacional da legenda, a aquisição tenha o objetivo de facilitar as
viagens de Eurípedes Jr., presidente nacional da sigla, entre Planaltina de
Goiás e Brasília.
E
diz que o partido economizou. "O
preço médio de mercado desta aeronave aqui [no Brasil] está em torno de R$ 3,3
milhões. Nos EUA, um zero quilômetro gira em torno de US$ 1,3 milhões.
Convertendo em reais, grosso modo, ficaria R$ 5,2 milhões."
Fazer o que? É nestes que a maioria vota!...
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