Por
três votos a dois uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiu
parecer contrário a um pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff com
base na reprovação das contas de 2014 do governo federal pelo Tribunal de
Contas da União (TCU). O parecer terá que ser submetido ao Conselho Federal da
OAB, que, na próxima quarta-feira (2), decidirá se segue ou não a recomendação
da comissão.
Na
avaliação da comissão, formada por cinco conselheiros federais da OAB, cada um
representando uma região do país, por se tratar de práticas ocorridas em
mandato anterior, as irregularidades nas contas não podem justificar o processo
político do impeachment.
“Por mais importante que seja o acórdão da
Corte de Contas”, observa o documento, “não
é bastante para firmar um juízo definitivo sobre irregularidades
administrativas ou de execução financeira e orçamentária, a ponto de sustentar,
autonomamente, a recepção de um pedido de impeachment, sem a aprovação do
parecer pelo Congresso Nacional”.
“A sociedade espera que a OAB tenha uma
posição fundamentada sobre o impeachment da presidente. De forma técnica e
imparcial, a OAB vai adotar uma posição e divulgá-la à nação. A Constituição
prevê o impeachment e apresenta seus requisitos. O plenário da OAB irá dizer se
estão ou não presentes tais pressupostos”, afirmou o presidente nacional da
OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho. Segundo ele, a Ordem poderá analisar
eventuais fatos novos que venham a aparecer e embasar novos pedidos de
impeachment.
Os
dois conselheiros vencidos na comissão produziram um voto em separado. “Os autores deste voto divergente entendem
que, estar a presidente em um novo mandato, não impede a instauração do
processo de impeachment da presidente da República, porque, reeleita, não se
afastou, em momento algum, de suas funções presidenciais”, afirmam no voto
em separado os conselheiros Elton Sadi e Setembrino Pelissari. No texto, eles
ressaltam que a importância do acórdão do TCU e a implicação da presidente nas
irregularidades apontadas são o bastante para que não se precise aguardar o
pronunciamento do Congresso antes que a OAB se manifeste em favor do
impeachment.
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