BRASÍLIA - O presidente da Câmara, deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na noite desta segunda-feira, em entrevista à TV
Câmara, que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff estará
resolvido até março de 2016. Ele disse que o governo da presidente Dilma
Rousseff está vivendo um "momento de contestação" e que hoje ela não
tem mais do que 200 votos de apoio na Câmara. Cunha afirmou que nunca um
presidente foi alvo de tantos pedidos de impeachment e que "PT e PMDB já deram o que tinham que dar juntos numa aliança".
Ele disse que o presidente da Câmara não pode ser "empregado" do
Executivo e avisou que a Casa continuará sendo uma "trava" ao aumento
de impostos.
O
ano de 2015 teve uma coisa atípica, que foi a aceitação do pedido de
impeachment. E não vamos fechar os olhos, mas isso vai se resolver até março de
2016. Será um ano que terá muitas mudanças. O ano de 2015 não é um ano médio,
da
política. De tédio, nenhum de vocês morreu esse ano. O debate mais relevante
de 2015 é que mudamos o conceito de que a Câmara tem que ser um anexo do
Palácio do Planalto. O governo não tem mais do que 200 votos (de 513), não tem
a maioria da Câmara; pode ter maioria no Senado. O governo acha que o deputado
vai votar por causa de um empreguinho ou um cargo. Continuam na velha política
— disse Cunha, no programa "Conversa com o presidente",
acrescentando: — Se depender de mim, o PMDB e o PT já deram o que tinham que
dar juntos. O PT queria submissão.
Investigado
na Lava-Jato por ter contas no exterior, Cunha procurou demonstrar
tranquilidade diante do pedido de seu afastamento do cargo e ainda culpou o PT
pelo esquema de corrupção na Petrobras. Ele disse que a Operação da Polícia
Federal mostrou que o PT controlava o processo e acrescentou que a
"corrupção custa caro" e tornou a Petrobras praticamente
"insolvente".
“A operação Lava-Jato teve o condão de
mostrar como um partido se apropriou do poder. A culpa na corrupção da
Petrobras é do PT. Um grupo que atua de forma quase criminosa. A corrupção
custa caro. A Petrobras ficou praticamente insolvente”, disse Cunha.
Pressionado
a deixar o cargo, Cunha disse que continuará se defendendo no Conselho de Ética
contra o pedido do seu afastamento do cargo, afirmando que não se "constrange"
por usar as regras do Regimento Interno para isso. Ele disse que, se
necessário, recorrerá novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Não vou me constranger ao exercer meu direito
de defesa por acharem que é manobra. O que não dá é para atropelar o meu
direito. E isso não vou permitir. Sou vítima se um processo eminentemente
político”, disse Cunha, defendendo que seu processo no Conselho tem que
voltar à etapada inicial com a escolha de um novo relator.
No
caso do Supremo, Cunha disse que ainda não dá para dizer se a Corte interferiu
ou não no funcionamento interno da Câmara. Ele disse que só afirmará se houve
"interferência ou não depois de o
Supremo "clarear" suas decisões sobre o rito de um processo de
impeachment na Câmara e no Senado”. O STF contestou a eleição secreta
realizada na Câmara para a escolha da comissão que analisaria o pedido do
processo de impeachment.
Nesta
terça-feira, Cunha pretende se reunir com o presidente do Supremo, Ricardo
Lewandowski, para tratar do assunto. Ele apresentará recurso ao Supremo,
chamado de embargos. “Não queria dizer
que houve uma interferência. Vamos embargar para clarear essa situação”, avisou
Cunha.
Ele
disse que 2015 foi um ano tenso e atípico e disse que o governo Dilma só teria
uma recuperação se o cenário econômico mudar. Mas, para Cunha, 2016 será um ano
muito difícil na economia. “É um momento
de contestação do governo. Se o cenário continuar degradado, o governo vai
perder mais credibilidade”, disse ele.
Além
da turbulência na economia, Cunha disse que as eleições municipais serão
"o caos" por causa das decisões sobre proibição de doações, por
exemplo. Para ele, o processo foi "judicializado". Cunha disse que o
governo Dilma é incompetente na gestão e distribui cargos. Para ele, ao não
cortar despesas, gerou o caos na economia. Ele disse ser favorável ao
parlamentarismo, mas disse que falar nisso nesse momento "cheiraria a
golpe".
Quanto
à polêmica sobre a liderança do PMDB na Câmara, Cunha disse que não se pode
mudar o líder a cada semana. O líder Leonardo Picciani (PMDB-RJ) conseguiu
retomar a vaga numa disputa com o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG). “Não gostaria que esse tempo voltasse (de
troca de líder toda semana). A melhor maneira talvez seja uma eleição, mas não
pode ser uma eleição artificial. Também venci numa disputa apertada. O problema
é que, depois que venci, busquei ser porta-voz da bancada. O lider não lidera
nada quando não funciona como a voz da maioria.” Disse ele, numa crítica a
Picciani.
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