A
presidente Dilma Rousseff atuou, antes de sua reeleição, para flexibilizar uma
regra de concessão de financiamentos do BNDES em favor da Andrade Gutierrez,
aponta reportagem publicada pela revista Época desta semana.
De
acordo com a publicação, após a liberação de um financiamento de US$ 320
milhões para a construção de uma barragem em Moçambique, a empreiteira doou R$
20 milhões para a campanha de reeleição da presidente.
Documentos
obtidos pela revista mostram que, em março de 2013, Dilma teve uma reunião com
o presidente de Moçambique, Armando
Guebuza, na qual o governante do país
africano questionou as exigências do BNDES para conceder o financiamento.
Os
recursos só poderiam ser liberados mediante à abertura de uma conta bancária de
Moçambique numa economia com baixo risco de calote, o que Guebuza não
concordava. Dilma teria se colocado à disposição para "resolver o
assunto".
Segundo
a Época, um mês depois, em Brasília, o Conselho de Ministros da Câmara de Comércio
Exterior (Camex) --comandado naquele momento por Fernando Pimentel, então
ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-- aprovou a
flexibilização do empréstimo. O contrato foi assinado em junho de 2014 - já em
período de campanha eleitoral --pela Zagope, subsidiária da Andrade Gutierrez
investigada pelo Ministério Público Federal por pagamentos de propina.
A
revista informa, ainda, que no mês seguinte à assinatura, Edinho Silva, então
tesoureiro da campanha presidencial à reeleição de Dilma, fez uma visita à
Andrade Gutierrez, em São Paulo. Nove dias após o encontro, a empreiteira
transferiu R$ 10 milhões para a campanha de Dilma. Em seguida, a construtora
doou mais R$ 10 milhões.
De
acordo com a Época, a Presidência da República informou que a Camex toma
decisões com total autonomia, sem nenhuma ingerência do governo. Argumentou
ainda que as doações não têm relação com as ações de governo. O BNDES afirmou
que o controle na concessão dos créditos à exportação se baseia em critérios
técnicos. Segundo a Andrade Gutierrez, o procedimento foi regular, informou a
revista.
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