O
juiz Sérgio Moro
definiu a data em que o ex-presidente Lula deverá prestar depoimento como
testemunha de defesa do pecuarista José Carlos Bumlai em processo da Operação
Lava Jato. Ele será ouvido no dia 14 de março pela manhã, na Justiça Federal em
São Paulo, em videoconferência com a Justiça no Paraná.
Bumlai
foi preso em novembro de 2015, na 21ª fase da Lava Jato, e está preso na Região
Metropolitana de Curitiba. Ele responde pelos crimes de corrupção passiva,
gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro.
Em
depoimento dado à Polícia Federal, no mês de dezembro, o pecuarista confessou
que houve fraude na quitação de um empréstimo de R$ 12 milhões feito por ele no
Banco Schahin. Ele disse também acreditar que o dinheiro seria para pagar
dívidas de campanha eleitoral em Campinas (SP) e para "caixa 2" do
PT.
Ao
apresentar a defesa prévia no processo a que responde na Justiça Federal,
Bumlai indicou Lula dentre as testemunhas que gostaria que
fossem ouvidas. Na
semana passada, o juiz Sérgio Moro autorizou o depoimento, mas apenas marcou a
data nesta quinta-feira (11). Além de Lula, outras quatro testemunhas de Bumlai
serão ouvidas no mesmo dia.
As
audiências de testemunhas no processo começam no dia 2 de março, e estão
marcadas para até o dia 18 do mesmo mês. Restam, ainda, outras audiências a
serem marcadas ainda pelo juiz.
O
Instituto
Lula informou que não iria se manifestar.
O
Ministério Público Federal (MPF) afirma que, em 2004, o Banco Schahin concedeu
empréstimo de R$ 12 milhões a José Carlos
Bumlai. O destinatário real seria, no entanto, o PT.
Em
tese, o empréstimo deveria ter sido pago até novembro de 2005, o que não
ocorreu. Assim, o montante foi sendo corrigido para incorporar os encargos não
pagos. Os valores foram quitados na sequência, após o Banco Schahin conceder
empréstimo de R$ 18 milhões à empresa AgroCaieras, do próprio Bumlai.
Os
valores do novo empréstimo, que ultrapassaram R$ 20 milhões, seguiram sem
pagamento até janeiro de 2009, quando foi feito um contrato de venda de
embriões de gado bovino das fazendas de Bumlai para empresas do Grupo Schahin.
Para
o MPF, no entanto, a dívida foi paga com a contratação da Schahin para operar o
navio sonda Vitória 10.000, da Petrobras, um dia depois da assinatura do
contrato entre a empresa de Bumlai e o Grupo Schahin. O contrato tem valor
global de pagamento de US$ 1,5 bilhão e foi celebrado mediante direcionamento
fraudulento, segundo a denúncia.
Para
garantir a contratação, o MPF sustenta que agiram os diretores da Área
Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada, além do gerente da
mesma área Eduardo Musa.
"Teriam
sofrido influências políticas, por agentes não totalmente identificados, para
direcionar, fraudulentamente, o contrato para a Schahin e assim garantir a
concessão de vantagem indevida ao Partido dos Trabalhadores (mediante a
quitação do empréstimo concedido à referida agremiação política)", afirmou
o juiz ao receber a denúncia.
Depoimentos
dados ao Ministério Público de São Paulo, apontam que o pecuarista Bumlai e as
construtoras OAS e Odebrecht pagaram pela reforma e pelos móveis do sítio em
Atibaia, que era frequentado pelo ex-presidente Lula e sua família.
O
caso, que também é investigado pela Operação Lava Jato, ganhou um inquérito
exclusivo na terça-feira (9).
Comentários
Postar um comentário