REPORTAGEM-BOMBA DE 'ISTOÉ' REVELA: DONA DA AGÊNCIA PEPPER CONTOU TUDO ENVOLVENDO ASSESSOR DIRETO DE DILMA QUE ABASTECEU CAMPANHAS PRESIDENCIAIS COM RECURSOS ILEGAIS.
POR: Jornalista Sérgio Pardellas
A revista IstoÉ, em razão do
feriado de Tiradentes nesta sexta-feira, dia 21, adiantou a sua edição. A
reportagem-bomba da revista é exclusiva. IstoÉ teve acesso à delação premiada
de Danielle Fonteles, dona da agência publicitária que trabalhou para a campanha
presidencial da Dilma. Em depoimento, Fontelles, afirma que recebeu
recursos "por fora" num total de R$ 58 milhões, para abastecer as
campanhas de 2010 e 2014. Quem a orientou no esquema foi o braço direito da
presidente, Giles Azevedo. A reportagem é assinada pelo jornalista Sérgio
Pardellas.
Assessor especial de Dilma
Rousseff, o discreto Giles Azevedo é considerado no Palácio do Planalto os
olhos e os ouvidos da presidente da República. O único na Esplanada com
autorização para falar em nome de Dilma e a quem ela confia as mais delicadas
tarefas. Por isso, quem recebe instruções do fiel auxiliar da presidente não
entende de outra maneira: ele fala na condição de enviado da principal
mandatária do País. Foi com essa credencial que Giles se aproximou da
publicitária Danielle Fonteles, dona da agência Pepper Interativa. Em uma série
de encontros,
muitos deles mantidos na própria residência da publicitária no
Lago Sul, em Brasília, Giles orientou Danielle a montar a engenharia financeira
responsável por abastecer as campanhas de Dilma de 2010 e 2014 com recursos
ilegais. A maior parte do dinheiro oriunda de empreiteiras do Petrolão e de
agências de comunicação e publicidade que prestam serviço para o governo
federal. As revelações foram feitas pela própria dona da Pepper em seu acordo
de delação premiada, a cujo conteúdo ISTOÉ teve acesso. Ainda não homologado, o
depoimento tem potencial explosivo, pois sepulta o principal argumento usado
até agora por Dilma para se apresentar como vítima de um “golpe” destinado a
apeá-la do poder: o de que não haveria envolvimento pessoal seu em malfeitos.
Agora, fica complicado manter esse discurso em pé. No governo, e fora dele, há
um consenso insofismável: Giles é Dilma. Nas conversas com Danielle, segundo a
delação, Giles tratava sobre as principais fontes de financiamento que
irrigariam as campanhas de Dilma por intermédio da Pepper. Sem registro
oficial. Segundo ela, as orientações partiam do discreto assessor da
presidente.
CONTRATOS
FICTÍCIOS
No depoimento aos
investigadores, a publicitária confessou ter recebido recursos “por fora”, por
meio de contratos fictícios, da Andrade Gutierrez, da Queiroz Galvão, da OAS,
da Odebrecht – empreiteiras implicadas no Petrolão –, da Propeg e de uma grande
empresa de assessoria de comunicação dona de contas no governo, tudo conforme combinado
com Giles. A Propeg, agência de publicidade baiana que, de acordo com Danielle,
teria sido responsável por vultosos repasses, figura entre as oito que mais
receberam verbas do governo Dilma nos últimos anos. Atualmente, ela possui a
conta da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde. Na quebra de sigilo
da Pepper, a pedido da CPI do BNDES, foram identificados quatro depósitos da
Propeg totalizando R$ 223 mil entre 2011 e 2012. Da Andrade Gutierrez, a dona
da Pepper admitiu ter recebido de maneira ilegal R$ 6,1 milhões, ratificando
depoimento de Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira. Com o montante, a
empresa pagou funcionários do comitê de Dilma na campanha de 2010, entre outras
despesas. Em outro trecho da delação, Danielle afirma que abriu uma conta na
Suíça em 2012, sob o conhecimento de Giles, para receber da Queiroz Galvão na
chamada “Operação Angola”. Por ela, a Pepper recebeu US$ 237 mil. A conta para
movimentar os recursos, identificada com a sequência CH3008679000005163446, foi
aberta por Danielle no banco Morgan Stanley.
Com tantos recursos para
internalizar e uma teia de interesses em jogo, a Pepper acabou se transformando
numa espécie de lavanderia de dinheiro do PT.
R$
58,3 MILHÕES
Só entre 2013 e 2015, a
Pepper movimentou em conta própria R$ 58,3 milhões. Com parte destes recursos,
a empresa bancou despesas das campanhas de Dilma à reeleição, principalmente o
pagamento a blogs favoráveis ao PT contratados para atuar na guerrilha virtual
travada nas redes sociais. O dinheiro, segundo orientação de Giles Azevedo,
veio da OAS e da Odebrecht por meio de contratos fictícios ou superestimados.
Essa informação consta da delação de Danielle. Coube a Pepper, por exemplo, o
pagamento de um pixuleco de R$ 20 mil mensais para o criador do perfil de humor
chapa branca “Dilma Bolada”, Jefferson Monteiro. A personagem faz troça de
adversários com a mesma veemência com que exalta iniciativas e discursos da
presidente, até mesmo os mais frugais. Outros ativistas digitais pró-PT têm
motivos para estarem bolados com a delação da publicitária. Uma lista contendo
o nome de dezenas de jornalistas destinatários da verba repassada pela Pepper
foi entregue por Danielle aos investigadores. Os nomes permanecem guardados a
sete chaves e podem ensejar outra investigação. Oficialmente, a Pepper foi
responsável pela estratégia de internet da campanha da presidente Dilma em
2010. Na reeleição, em 2014, ficou encarregada de produzir as páginas da
candidata do PT no Facebook e Twitter. Pelo trabalho, recebeu R$ 530 mil por
mês.
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