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Foto: Reprodução/Petrobras |
Uma
mudança na gestão da Refinaria Clara Camarão, localizada em Guamaré, município
distante cerca de 140 quilômetros de Natal, gerou uma reação política no Rio
Grande do Norte, ao longo da última semana. A Petrobras transferiu o
equipamento da área de Refino para a área de Exploração e Produção da estatal.
Desta forma, a Clara Camarão deixa de ser chamada de refinaria, sendo
"rebaixada" a Ativo Industrial de Guamaré, a partir de janeiro do
próximo ano. A maior preocupação do estado, porém, continua sendo a redução de
investimentos da estatal, que já chegaram a 77%, desde 2009.
A
notícia sobre a Clara Camarão pegou de surpresa a classe política e empresarial
do estado, que cobrou explicações da Petrobras sobre o assunto. A preocupação,
de acordo com os setores, é com a possível redução de investimentos e o
desemprego que poderia ser provocado pela mudança, pouco tempo após a refinaria
bater recordes de produção. Em agosto, ela produziu
19.841 metros cúbicos de querosene de aviação, superando em 8% o seu recorde
anterior.
Pelo
menos duas reuniões aconteceram entre senadores, deputados e diretores da
companhia. Nesta quarta-feira (8), em uma audiência realizada no Senado, mais
explicações foram dadas pelo diretor da Unidade Operacional no RN e no Ceará,
Tuerte Amaral Rolim.
De
acordo com a Petrobras e com o próprio Sindicato dos Petroleiros do Rio Grande
do Norte, que cobra retomada de investimentos no estado, a mudança não
acarretará uma redução da atividade de refino da Clara Camarão. A planta deverá
manter seus níveis de produção de derivados de petróleo, tais como gás natural,
gasolina e QAV (combustível de aviação).
A
preocupação da administração pública e dos empresários potiguares, porém, é
reflexo da importância da Petrobras para o próprio estado. Ela é responsável
por cerca de 40% do Valor Bruto de Produção Industrial potiguar. Somente em
Guamaré, município onde está localizada a refinaria, cerca de 60% dos impostos
colhidos pela administração pública vêm do setor petrolífero, segundo o
prefeito Hélio da Fonseca.
Além
dos impostos, o município é um dos que mais recebem royalties. Segundo dados da
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a cidade
recebeu R$ 1.040.516,84 somente em setembro de 2017, totalizando R$
8.159.930,03 desde janeiro.
"Esses
recursos já caíram muito nos últimos anos, mas nos colocam em uma situação
confortável em momento de crise no Brasil. Enquanto o estado e muitos
municípios estão com dificuldade de pagar funcionalismo, nós estamos em dia e
oferecendo bons serviços", considerou o prefeito, que afirma que está
preocupado com a mudança, mesmo após uma resposta da Petrobras afirmando que a
produção será mantida na refinaria.
"A
gente até recebeu essa informação, mas fica uma incerteza sobre o futuro",
considera, ressaltando que a população do município (que é de 1500 pessoas)
aumenta em quase 10% somente com o fluxo de pessoas provocado pela refinaria,
gerando empregos indiretos em restaurantes, hotéis e outros serviços. Cerca de
25% dos trabalhos formais da cidade têm ligação com a indústria.
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