FIFA: Cartola admite ter recebido propina para eleger sede das Copas de 98 e 2010.

Os procuradores que cuidam do caso de corrupção da Fifa divulgaram, nesta quarta (3), o depoimento de Chuck Blazer, cartola que é peça-chave no escândalo. No documento, o ex-membro do Comitê Executivo da entidade admite que ele e outros colegas receberam propina para eleger a África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010.

"Eu e outros do Comitê Executivo da Fifa concordamos em aceitar propinas para eleger a África do Sul como país-sede para a Copa do Mundo de 2010", disse o cartola, um dos delatores do esquema que colocou nove dirigentes na cadeia desde a semana passada por crimes como fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Ele ainda confirmou que o processo de escolha da sede de 1998 teve casos de suborno.

Entre outras coisas, eu concordei com outras pessoas, em 1992 ou perto disso, em facilitar a aceitação do suborno na escolha do país-sede da
Copa do Mundo de 1998", disse Blazer, A documentação divulgada pelo Departamento de Justiça dos EUA na semana passada já continha a informação de que Marrocos, que concorreu e perdeu da França na disputa para ser sede do Mundial, havia comprado votos na disputa.

O depoimento de Blazer é uma das peças-chaves da investigação conduzida pela procuradoria do Estado de Nova York, em parceria com a Receita dos EUA e o FBI. O norte-americano fez parte do Comitê-Executivo da Fifa de 1996 a 2013 e secretário-geral da Concacaf de 1990 a 2011.

Blazer concordou em colaborar com as investigações como forma de diminuir sua pena. O cartola colabora com as autoridades desde 2011, quando foi detido pelo FBI em Nova York. Depois disso, ele chegou a usar escutas escondidas para obter provas contra colegas dirigentes.

As acusações de Blazer aumentam o tamanho do escândalo de corrupção na Fifa. Na última segunda, o New York Times publicou que as autoridades suspeitam que Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa e número dois na hierarquia, teria sido o responsável por autorizar o pagamento de US$ 10 milhões que saíram de uma conta da Fifa para dirigentes da Concacaf, entre eles Chuck Blazer.

O dirigente disse que não foi ele quem deu o aval e a entidade argumentou que a movimentação não era ilegal. Seria, na verdade, uma doação da África do Sul ao fundo de desenvolvimento do futebol no Caribe e na América do Norte. Em seu depoimento, Blazer disse que o valor era, no entendimento dos cartolas, o pagamento de um acordo feito anos antes para que a África do Sul fosse escolhida como sede da Copa.

Agora, a divulgação da íntegra do depoimento de Blazer ainda joga luz sobre outra competição, a Copa do Mundo de 1998, disputada na França. Na ocasião, os europeus derrotaram a candidatura de Marrocos por 12 votos a sete. 


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